segunda-feira, julho 25, 2005

Dança ao Luar








Como o sol bate em tua linda face doce anjo, que sol pode brilhar mais do que tu?
Que luz pode iluminar mais que o teu perverso olhar?
Fico a espera que um dia repares que o teu amor vive a porta duma quase loucura. Vieste dar a esta praia sedenta de felicidade porque assim o quiseste, reparo que as pontas brancas de teu vestido branco estão manchadas de tanta lágrima perdida. Tenho fé que um dia descubras que o amor não tem prazo de validade e que qualquer salto para a felicidade é um grande salto.
Ainda assim te dou o prazer de colocar a mão sobre mim quando me pedes para dançar, eu que danço tão mal quando fico enfeitiçado com tanto poder entre minhas mãos.
Teus poderosos olhos verdes buscam loucura e intima ousadia quando apontas para o meu coração e entre cinco dedos me aqueces a alma já ausente de paixão.
Dançamos a um luar escuro e ainda criança, e vejo que continuas a mexer-te com tanta sensualidade e perícia entre passos feitos de uma tremenda aprendizagem. Gosto de voltar a ver-te sorrir nem que seja por um só minuto, é sinal que ainda Satanás não te levou o amor que ainda preservas em ti.
Inesperadamente começas a derramar lágrimas em cima de meu peito, sabes que nunca vou rejeita-las, porque não sei viver sem elas, são como pão para a minha boca.
Custou-me limpa-las da tua face, e sorris abertamente quando digo que mais pareces uma bruxa velhaca de tanto me fazer sofrer.
Está finalmente aberto o caminho para a tua felicidade, os meus imediatos conselhos não foram em vão visto que os vais seguir. Tantos minutos de palavras doces foram uma preciosa ajuda para nós. Apresento-te ao mar sereno onde os “nossos” fiéis amigos peixes te aguardam para te abraçares á vida novamente...

Com dedicatória especial mas intima...

sexta-feira, julho 15, 2005

Amigos Cúmplices










Ignorei que pudesses um dia vir a ser meu companheiro neste mar doce como o mel.
Sorris sempre que entras em cada onda e me provocas com o teu focinho de estilo enrugado.
Já disse anteriormente a Deus que prefiro que a minha alma alguém a leve do que algum pirata te leve a ti para o sétimo céu.
Puxas-me para um pequeno-almoço em água quase fervida pelo sol, afinal deste teu mundo só me podes trazer peixe pouco graúdo que me dá somente para uma cova do dente.
Chegaste perto de mim ferido por uma espécie de loucura humana irracional e naquele instante em que te socorri ouvi o teu coração palpitar como a pedir uma lenta extrema-unção, não acudi a esse pedido e precipitei – me perante ti com a solução farmacêutica para as tuas horríveis feridas profundas.
Desde esse dia que nos tornamos cúmplices companheiros nesta ilha situada no Pacifico Sul, lembro-me perfeitamente que me agradeceste dias a fio por te libertar da anunciada morte.
Sim Amigo! Tinha-me comprometido contigo que conseguia desvendar daquela falésia alguma fêmea capaz de fazer andar com a cabeça a volta de tanto carinho, mas sabes que com estes míseros binóculos pouco mais consigo ver que gaivotas esfomeadas.
As vezes abraço-me a ti deslumbrando em meu pensamento a mulher que um dia eu deixei em terra, fazes parte do meu imaginário amoroso sempre que sorris como ela sorria.
Se um dia resolveres partir sem mim ao teu lado vou te entender como até aqui o fiz, julgo que o amor e a amizade não devem ser actos de sufoco absoluto e por mim tens toda a liberdade do mundo para procurares a felicidade.
Enquanto esse momento não parece chegar, vou entrando em ondas e marés contigo ao meu lado percebendo-me que um dia uma barbatana de apoio parece sempre chegar...

sexta-feira, julho 01, 2005

Num Futuro Próximo


...Afinal subestimei mesmo o Hernandez o meu andróide favorito, aquele que me serve o jantar pacientemente enquanto observo mais um jogo de futebol futurista. A minha ex. mulher já teria perdido a paciência (como perdeu) com tanto sinal de indiferença. Julguei que tinha sido enganado por um mero lojista chinês sedento de mais uns meros trocados quando o adquiri.
Quando entrei na loja e ele me cumprimentou com um olhar terno e insuspeito de qualquer vigarice notei logo que podia confiar nele. Acordo e estamos em 2025, e neste momento tudo gira a volta do sol...Dum Sol em forma de vida.
A actualidade resume-se a um sol que só ocupa duas horas do nosso precioso dia, em sinal de egoísmo puro propagamos tamanha poluição que até a mais doce das nossas estrelas nos vai ficando infiel. Cada minuto deste sol pode ser comprado com um animal bem constituido ou trocado por sementes de qualquer fruto. Mantenho a opinião que se nos voltarmos a juntar como seres humanos talvez consigamos dar a volta a este mundo surreal.
Saio para a rua escorregando por um tubo enorme, acciono o dispositivo de deslocação e encho de malas e barragens a minha pequena mas capaz nave terrestre.
Sinto que este é o momento exacto para viajar e para voltar a conhecer campos de relva fresca por esse mundo fora, rapidamente esta decisão de aventura me invade a alma.
Hernandez o meu fiel andróide (e companheiro nesta viagem) vai averiguando que tudo na nave esta conforme os dispositivos de segurança actualmente em vigor. Inocentemente o crepúsculo invade os nossos olhos e é um momento de puro êxtase, os humanos param tudo para o observar independente do que estão a fazer. Essa realidade que actualmente vivemos transforma-nos em autênticos filhos do sol visto quando nos penitenciamo-nos perante ele.
Já dentro das ilhas britânicas respiro ainda o ar puro do mar salgado, acariciado por um vento feroz capaz de fazer levantar o troféu da maior tempestade este Inverno.
Mas a natureza é mesmo assim, capaz de limpar-nos qualquer lágrima de tristeza quando nos sentimos inúteis, ou trazendo-nos um olhar soalheiro quando precisamos dum calor fraterno.